Nesta terça (12.02), o Cine Teatro exibe ‘Los Territorios (2017)’, co-produção entre Brasil e Argentina que acompanha as viagens do cineasta Iván Granovsky por países que vivenciam tensões políticas e/ou geográficas, como Brasil, Espanha, Chile, Portugal e Israel. A intensão é tentar captar o clima que toma conta destes territórios durante momentos de conflito. A sessão, parte da Mostra Vitrine Filmes, começa às 19h30 e os ingressos custam R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia).

No entanto, embora aparentemente se apresente como um documentário político, existe uma camada subjetiva explorada em ‘Los Territorios’ que o afasta do gênero documentário ao passo que o aproxima da ficção. Dirigido, produzido e estrelado pelo argentino Iván Granovsky, o longa talvez fale mais sobre o protagonista do que sobre os conflitos em si.

Esta proposta de misturar documentário e ficção é, sem dúvida, uma tendência do cinema contemporâneo. E ‘Los Territorios’, neste sentido, se insere neste ainda recente gênero ambíguo, o dos chamados “híbridos”. São filmes que não são nem um e nem outro, habitam as fronteiras destes dois – desculpe o trocadilho com o nome do filme – territórios cinematográficos.

Ao estilo glauberiano “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, a saga de Granovsky começa após descobrir que seu pai, o renomado jornalista Martin Granovsky, relatou alguns dos maiores conflitos geopolíticos da América Latina sem nunca tê-los visto em primeira mão. Então, o filho decide fazer o que pai não fez.

A primeira experiência do cineasta acontece depois do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo. E, após a França, ele decide visitar diversos países onde há conflitos geopolíticos que assolam a população local.

O protagonista-autor passa por eventos e momentos importantes de cada país. No Brasil, por exemplo, presencia o processo de manifestações pró e contra Impeachment de Dilma Rousseff. Na Espanha, o cerne da questão são conflitos de independência que envolvem o País Basco. E, no Oriente Médio, acompanha os conflitos na Síria e Palestina.

Envolto a tantos conflitos, Granovsky não abre mão de explorar cinematograficamente o próprio conflito que o aflige. Questões familiares e também em relação à cobertura profissional de tais eventos são levantadas ao longo de uma hora e quarenta minutos da produção.

Este emaranhado de conflitos cria situações que podem levar o público a se questionar sobre a realidade transmitida na câmara. A dúvida sobre a veracidade dos fatos se estabelece ao passo em que o enredo ganha ares de ficção. No entanto, uma vez que fora planejado, isto não chega a ser um demérito. Pelo contrário, este questionamento em relação à narrativa possibilita desfrutar e atestar a verossimilhança daquilo que está na tela com aquilo que acontece no mundo.

Enfim, ‘Los Territorios’ levanta mais questões do que apresenta respostas. E é curioso por se tratar de um protagonista um tanto mimado, que beira a futilidade, inserido em complexos conflitos geopolíticos. Lembro, me colocando nesta matéria como Granovsky se coloca em seu filme, que fiquei intrigado após assistir este longa híbrido. Tive impressão que a abordagem sugere uma auto ironia por parte do autor.

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