Após sucesso da 1ª edição, ‘Box de Curtas’ produz mais três filmes em Cuiabá

Experiência conjunta barateia custos e aumenta qualidade das produções; Os primeiros 5 filmes acumularam 60 seleções em festivais e mais de 10 prêmios

Uma das cenas de 'O Menino e o Ovo', de Juliana Capilé, uma das produções em andamento

O ‘Box de Curtas’ foi pensado para permitir que curtas-metragens com poucos recursos pudessem, de forma conjunta, viabilizar equipamentos e profissionais de alto nível. A primeira experiência, em 2017, resultou em cinco produções que, ao todo, acumularam 60 seleções e exibições em festivais e mais de 10 prêmios. Então, obviamente, decidiram repetir a dose. Em 2019, o Box já está em fase de produção de três curtas de importantes realizadoras e realizadores de Mato Grosso.

As gravações já estão em andamento e seguem até o dia 5 de maio. As obras são: “O menino e o Ovo”, roteiro e direção de Juliana Capilé; “O conto da perda”, roteiro e direção de Angela Coradini; e “Ausência”, roteiro e direção de Luiz Marchetti. A produtoras responsáveis são, respectivamente, Infinity Filmes; Cafeína Conteúdos Inteligentes; e Calm Produtora.

A bem-sucedida experiência começou há dois, quando Bárbara Varela foi produtora executiva dos cinco projetos de curta-metragem contemplados pelo edital da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso.

Na ocasião, mesmo com produção e direção específicos para cada projeto, foi possível unir os recursos e a agenda de filmagens de maneira sequencial, e isso permitiu um melhor poder de compra.

“A estrutura do box possibilitou acesso a equipamentos e profissionais que não seriam possíveis se cada filme fosse rodado de forma individual. Trouxemos um caminhão de equipamentos de fora e isso gerou um salto de qualidade não só no produto final, mas no próprio processo de produção em si”, explica Bárbara.

A ideia foi bem recebida por todos e colocada em prática de forma harmoniosa. “Os setores de direção de arte, figurino e elenco puderam avançar em qualidade devido aos recursos que, de maneira cooperada, trouxeram maiores possibilidades”, complementa Bárbara.

Os filmes produzidos na época foram “Aquele disco da Gal”, de Juliana Curvo e Diego Baraldi; “A gente nasce só de mãe”, de Caru Roelis; “Juba”, de Severino Neto e Rafael de Carvalho; “Teodora quer dançar”, de Samantha Col Debella; e “Ciranda”, de Ângela Coradini e Felippy Damian.

Desde então, o ‘Box de Curtas’ passou a ter vida própria e hoje tem o foco em formação, aperfeiçoamento e ampliação das possibilidades que um curta-metragem pode trazer para os realizadores de Mato Grosso.

Tanto é que, neste ano, os filmes terão profissionais nacionais, locais e do interior do estado. Além de valorizar talentos regionais, essa fusão traz ainda mais profissionalismo às produções. Marcelo Biss, por exemplo, é diretor de fotografia e diretor de cena com 30 anos de atuação nacional e internacional, e agora está encarregado de ser o Diretor de Fotografia em todas estas novas produções do Box.

NOVOS PROJETOS

O MENINO E O OVO (Juliana Capilé)

‘O Menino e o Ovo’ retrata as tentativas de Joana, uma menina de oito anos, em descobrir a verdade sobre a lenda urbana de que é possível fritar um ovo no asfalto devido ao calor de Cuiabá. Embora possua uma linguagem universal, a obra se apoia na utilização de um aspecto extremamente local: o famoso calor cuiabano. Elemento popular identitário notório e presente no imaginário da população mato-grossense. 

Juliana é roteirista, dramaturga, diretora e atriz. Formada em direção de Artes Cênicas pela UFOP, é mestre e doutoranda em Estudos de Cultura Contemporânea. Estudou cinema na Fundação de Curitiba e no Instituto Dragão do Mar em Fortaleza. Trabalha com preparação de elenco para cinema e ‘O Menino e o Ovo’ é seu primeiro curta-metragem. Atualmente trabalha no desenvolvimento de um roteiro de longa intitulado ‘Estrela Cadente’.

O CONTO DA PERDA (Ângela Coradini)

O curta apresenta um universo temporal cíclico de 24 horas, onde estão presos os personagens Lena (26) e Pio (28) pela repetição de um evento traumático. Mesmo apresentando esse universo diferenciado, o curta não se pretende distópico ou de ficção científica, mas converge com a fantasia muitas vezes presente no gênero literário de contos míticos ao pressupor uma temporalidade paralela na qual estão retidos os personagens.

Ângela Coradini é realizadora audiovisual, pesquisadora e escritora. Colabora, desde 2014, no Coletivo Audiovisual Miraluz Films, que possui sete curtas metragens já realizados colaborativamente. Tem doutorado em Cultura Contemporânea, com pesquisa dedicada a filmes e séries com temáticas de futuridade e fantasmagoria.

AUSÊNCIA (Luiz Marchetti)

Norma e Jorge são um casal de classe média em Mato Grosso. Jovens e apaixonados compartilham as festas, a universidade e tudo que se espera de jovens de 22 anos. “Ausência” é um curta-metragem de suspense quase cômico, baseado no conto “Sorriso”, de Wanda Marchetti, mãe do diretor. Há neste trabalho uma metalinguagem em sua narrativa, onde o conceito e a estética do filme se alfinetam, falando de presença usando ausência e vice-versa. A mesma história pelo ponto de vista de duas personagens que se separam, tornando a ausência real na tela.

O cuiabano Luiz Marchetti é formado pela CAL – Casa de Artes de Laranjeiras RJ. Bacharel em Belas Artes, com especialização em Filme e Vídeo na Central Saint Martins em Londres e Mestrado em Design em Arte Mídia pela Westminster de Londres, premiado pelo AHRB do Governo Britânico. Seus filmes são autorais e negociam com a ideia de Vanguarda, em busca de novas fronteiras como instalações e cinema expandido.

PARCEIROS

Nesta segunda edição, o Box de Curtas conta também com o apoio e envolvimento por parte de parceiros e empresas que já compreendem a importância do envolvimento com as produções cinematográficas locais.

“São descontos, produtos, cessão de espaços para equipes e locais de filmagens. As intervenções pela cidade e bairros sempre envolve a comunidade e somos logo identificados, o que acaba sendo positivo para a mobilização de auxílio”, ressalta Bárbara. 

O processo de produção envolve, ainda, setores como o de turismo com hospedagem, refeições e transportes. “Tudo que conseguimos de descontos e parcerias reinvestimos em áreas dos filmes que estejam mais limitadas para garantir que a produção tenha o máximo de qualidade possível e possa ser um produto final relevante para circular nos festivais e ajudar a construir esse novo momento do audiovisual de Mato Grosso”, finaliza Bárbara.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here