Azul de fevereiro
Esse foi o livro mais gostoso para finalizar. Já tinha publicado a maioria dos contos aqui mesmo, no Facebook e me aproveitei das sugestões, elogios, críticas, além dos comentários. Então, vi que determinadas colocações funcionavam melhor do que outras e, assim, fui compondo as versões finais dos contos. No dia 10 de dezembro, às 19:30, convido todos vocês para a festa de lançamento do nosso box literário. Nos encontramos na Casa Barão de Melgaço!
NARRATIVA DAS IMPERMANÊNCIAS
Olga Maria Castrillon-Mendes
Azul de fevereiro é um convite aos diferentes gestos de leitura que meu “olhar superlativo”, diria, lacunar, apaga o autor, aguarda a ouvertureda ópera e o prazer (incômodo) da surpresa de cada ato.
Algumas leituras são absorvidas pelas cativantes histórias envazadas em narrativas curtas, fluidas e com o ingrediente básico do conto maravilhoso; outras movem sentimentos de irritação, absorvidos pelos variados momentos de tensão entre o espaço e o tempo, as vozes narrativas e o estilo. Isso implica cavar os subterrâneos da mente e atingir as tonalidades dadas pelo narrador. A escolha recai sobre um sistema de coordenadas essenciais que expressam as variadas relações com o mundo. Não há nos contos elementos gratuitos ou decorativos, mas a exploração concisa do acontecimento, garantindo o valor estético. A temática é variada e apreendida pelos efeitos do espanto e pela condição existencial das personagens. Tudo perpassado por fina ironia que atinge de imediato o leitor, na exata dose de diversão que só a literatura é capaz de oferecer.
Entre a fantasia e o jogo, os sentidos são arrebatados pelo que lê/observa, pelas surpresas finais e pela forma como o insólito se cola ao real. A brevidade de cada conto é estrutura e essência. Funciona como mecanismo de sobreposição de planos e de expressão poética, muito dentro da inventividade do escritor afeito aos influxos de expressivos narradores da literatura mundial.
É nesse cenário de espelhos identitários, empalidecidos como a formação do arco-íris, que os contos de Eduardo Mahon convidam o leitor a se aproximar do literário, se perder e se achar, mesmo que em pequenos instantes improváveis de sua conturbada vida. No mais, é ler para crer!
Professora de Literatura na Unemat-Cáceres, doutora em Teoria e História Literária – Unicamp. Membro da Academia Mato-grossense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Cáceres-MT.
