‘Vaquinha virtual’ visa realização do CineCaos

A programação do "CineCaos" se estende durante todo o mês de agosto e conta com mostra de cinema, oficinas e apresentações musicais

A arte do cartaz do Cinecaos V é da artista plástica Camila Hybris

A programação da quinta edição consecutiva da Mostra Internacional de Cinema e Audiovisual “CineCaos” se estende durante todo o mês de agosto. Além da tradicional mostra de cinema independente (de bordas; marginal; trash; underground; ou seja lá como queira chamar), o evento também conta com apresentações musicais e oficinas. Portanto, para que sua realização seja à altura do que foi idealizado, a organização promove uma ‘vaquinha virtual’ para arrecadar fundos que serão destinados ao custeio das despesas.

A meta é arrecadar R$ 40 mil até o dia 27 de julho. O valor será destinado ao acerto com os profissionais que participarão do evento, como oficineiros, músicos e demais prestadores de serviços, e isto engloba “passagens aéreas, estadia, alimentação, cachês, além de questões de custo administrativo, logística, transporte e montagem dos equipamentos: de projeção, das oficinas e das bandas”, explica o produtor executivo Silvano Silva.

CINECAOS

O CineCaos deste ano tem como temática ‘Cataclismas, Hecatombes e Delírios do Poder’. As inscrições de trabalhos seguem abertas até 15 de junho pelo email cinekhaos@gmail.com.

Eliete Borges é a idealizadora do Cinecaos

Para a seleção dos filmes que vão compor a mostra, além de só considerar obras que estejam fora do circuito comercial, a curadoria (composta por Eliete Borges, Petter Baiestorf e Ivandro Godoy) preza por filmes atuais, com temáticas inusitadas e com algum tipo de relevância política.

“O CineCaos dedica-se a fazer circular temáticas politicamente relevantes, bem como críticas e sátiras que trazem à tona aspectos importantes da vida social, sempre com uma pitada de humor ou de escárnio, quando não muito sangue”, comenta Eliete Borges.

CINEMA UNDERGROUND

Ela explica que se trata de “produções amadoras, com efeitos especiais improvisados, atores canastrões, figurinos inexistentes e roteiros absurdos. Uma combinação que faz com que os filmes funcionem e tenham uma legião de fãs ao redor do mundo”.

E também faz questão de pontuar que, apesar do desdém por parte da crítica e de alguns espectadores, se trata de cinema autoral, e ressalta que “Hollywood nunca foi o sonho dessas pessoas”.

Ela ainda acrescenta que esse tipo de produção sempre existiu na história do cinema, e que estes filmes, desde o surgimento do gênero, “exploram temas polêmicos, temas tabus, para competir com o cinema feito em grandes estúdios”.

O clássico “Um Cão Andaluz (1928)”, de Luis Buñuel, só foi produzido graças a realizadores independentes

Este tipo de cinema, no caso, tem uma função política de resistência às imposições mercadológicas da indústria cinematográfica. Eliete cita um clássico do cinema, “Um Cão Andaluz (1928)”, de Luis Buñuel, como um exemplo de obra que só veio a ser produzida graças aos realizadores independentes.

Ela complementa o raciocínio explicando, nestas produções, os atores usam as próprias roupas como figurino e as locações são as próprias casas ou ambientes públicos. “Neste sentido, tudo é real e intocado, é o mais natural possível, então acaba sendo um registro antropológico, digamos assim, um registro do seu tempo, o que é de grande valia”, reflete.

Portanto, o CineCaos, além do atrativo cultural e do compromisso político, assume a responsabilidade de desmistificar alguns pontos do que se entende por cinema trash, underground ou independente. “A maneira de fazer isso (desmistificar) é produzir, fazer circular e debater sobre. […] É preciso falar, pensar esse cinema. É preciso exibi-lo, fazê-lo circular e é preciso produzi-lo”, conclui.

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