Diversidade é um ativo valioso

O presidente do Itaú Unibanco fala sobre a necessidade de um ambiente de trabalho mais diverso e com igualdade de oportunidades.

O que nos encanta em um livro senão a riqueza do enredo e das visões de mundo que vão além das que conhecemos? O que admiramos em um professor senão as novas ideias e possibilidades que nos apresenta? Buscamos o diferente quando fazemos uma pausa no trabalho e vamos para longe, em uma viagem de férias. Queremos ser surpreendidos e ter a experiência do inédito, porque faz brilhar o olhar e alimenta a alma. Temos o pri vilégio de viver em um dos países mais diversos do planeta e aprendemos, desde muito cedo, que isso faz de nós uma nação privilegiada.

No entanto, quando se trata de pessoas, mais especificamente daquelas com as quais temos de conviver, para muitos de nós o diverso é percebido como “ameaçador”, e não como algo a ser apreciado. Isso se aplica a todas as formas de diversidade, seja étnica, cultural, socioeconômica, de orientação sexual ou mesmo de idade. Em parte, isso se deve ao fato de, no Brasil, vivermos em uma sociedade muito estratificada, na qual convivemos com pessoas que frequentam as mesmas escolas, os mesmos lugares e ambientes familiares muito semelhantes.

Nesse contexto, o trabalho se apresenta como uma oportunidade de estimular a diversidade. No Itaú Unibanco, acreditamos muito nisso e atuamos em diferentes frentes para promover a diversidade. Fazemos isso não apenas por nosso papel institucional e pelo imperativo ético, mas também porque é bom para os negócios. Com um time diverso, conseguimos espelhar melhor nossos cerca de 50 milhões de clientes, o que aumenta de forma significativa nossa capacidade de os compreender e atender bem. Outro ponto fundamental é que, em um ambiente diverso, em que as pessoas se sentem à vontade para ser quem são, elas não passam pelo desconforto de ter de vestir uma “persona” diferente, e isto as torna muito mais produtivas.

Diversidade não é apenas ter pessoas diferentes no mesmo ambiente de trabalho, mas, principalmente, promover harmonia e igualdade de oportunidades entre elas. Pensando como país, essa igualdade deveria ser promovida por meio de uma educação de qualidade para todos. Como empresa, buscamos torná-la realidade por meio da meritocracia. Acreditamos que as pessoas se sentem motivadas quando percebem que aquelas que têm o melhor desempenho de fato são as mais bem recompensadas. Assim como a diversidade, a meritocracia só é efetiva e viável onde há igualdade de oportunidades. Onde não há, apenas se reproduzem e se ampliam as desigualdades originais.

Temos investido em muitas iniciativas para promoção da diversidade no banco. Entre elas, realizamos a “Semana da Diversidade”, evento que ocorre algumas vezes ao longo do ano para tratar do tema por meio de debates e depoimentos pessoais. Na semana passada, por exemplo, promovemos uma edição desse evento, d esta vez voltada para o público LGBT+, na qual me envolvi pessoalmente, como tenho feito em todas as oportunidades que se apresentam de falar com as pessoas e incentivar a reflexão sobre o assunto.

Realizar uma mudança cultural começa com o reconhecimento e a valorização de quem somos, da nossa cultura e da nossa diversidade. Quanto mais reconhecermos o que temos de melhor, quanto mais respeito e inclusão fomentarmos, mais seremos capazes de gerar crescimento, como pessoas, como instituições e como nação.

Candido Bracher é presidente do Itaú Unibanco.

Fonte: Brazil Journal