Filme distópico inspirado em assassinato de idosa na Praça Popular estreia no Sesc

“#Juri” explora um universo distópico onde as pessoas são julgadas por uma espécie de rede social

Imagine um universo onde as penas para um crime são propostas por pessoas aleatórias e a opção mais curtida é aplicado ao réu. Enfim, o sistema judiciário tradicional é substituído por uma rede social. Pois bem, essa é a premissa de ‘#Juri’, curta-metragem selecionado para o 3º Indian World Film Festival. A sessão que marca o lançamento oficial do filme acontece nesta quarta-feira (27.02), às 19h30, no Sesc Arsenal.

Roteirizado e dirigido pela cuiabana Samantha Col Debella, ‘#Juri’ aborda o comportamento da sociedade na era digital. E embora seja uma ficção distópica, a cineasta conta que a ideia partiu da história real de uma senhora que foi assassinada por um usuário de drogas. Datado de 2016, o fato em questão aconteceu dentro da casa da vítima, localizada nos arredores da Praça Popular, e, na época, gerou grande comoção.

Samantha acompanhou toda a repercussão e os desdobramentos do acontecimento através de redes sociais e identificou um padrão de comportamento. Segundo ela, hoje “existe uma inquisição digital”, pois as pessoas se colocam como julgadores. No entanto, complementa a cineasta, vários destes julgamentos virtuais acabam sendo “muito mais cruéis do que o fato que vira pauta nas redes”.

Inclusive as penas propostas no filme são reais. “São propostas que eu tirei da internet desse caso que aconteceu”, revela. Mas ressalta que o filme procura “não deixar nenhuma lição de moral”. Afinal de contas, a intenção é retratar este fenômeno contemporâneo, porém sem pesar valores.

Em relação ao caso de 2016, o ator Caio Mattoso, que interpreta o personagem principal, faz questão de se solidarizar com a família da idosa. “Eu sinto muito pela família ter passado por isso. Sinto muito mesmo. Afinal, quem não tem uma avozinha, né? Quem não tem uma pessoa mais velha por perto? Então a gente fica chocado”, lamenta.

Samantha espera que o público, ao fim da sessão, possa refletir e tirar as próprias conclusões sobre a obra. “Cada um interpreta à sua maneira”, pontua. E além do caso já citado, um outro fato real ajudou na construção ficcional da trama. Ela relata que, assim como é mostrado no filme, também convivia com uma senhora que dava comida e recebia moradores de rua em sua casa.

O curta-metragem foi selecionado para o 3º Indian World Film Festival

#JURI

E é exatamente o que faz a personagem Dona Herta (Regina Sampaio), uma idosa que tem uma relação amistosa com Mário (Caio Mattoso), um usuário de crack e morador de rua.

Para interpretar este personagem, o cuiabano Caio Mattoso fez um laboratório na cidade, conversando e convivendo com usuários para compreender melhor o estilo de vida de seu personagem.

“Ele manca, tem problemas de saúde, tiques, o jeito que olha, o jeito que fica quando fuma pasta base, a falta dela também, né? Então, essas coisas todas foram baseadas nessa pesquisa”, revela.

Este é o segundo usuário de drogas que Mattoso interpreta em sua carreira. Em 2007, deu vida cinematográfica ao personagem do romance ‘Eunóia’, do escritor e jornalista Eduardo Ferreira.

Em ‘#Juri’, Mattoso conta que gostou muito de contracenar com Regina Sampaio, renomada atriz com carreira no teatro, cinema e televisão, inclusive em telenovelas globais.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

O curta-metragem de 15 minutos foi finalizado no fim de 2018 pela produtora Cafeína. Além de Caio Mattoso e Regina Sampaio, o elenco conta com Romeu Benedicto, Luciano Bortoluzzi, Tatiana Horevicht e Rodrigo Fernandes.

A produção executiva e direção de produção é de Bárbara Varela; a direção de fotografia é de Marcelo Biss; Dale Nassarden assina a direção de arte e figurino; a trilha sonora é comandada pelo maestro Leandro Carvalho; e a montagem é de Murilo Nascimento.

 

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