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Oscar Niemeyer, considerado o arquiteto do século, afirmava que “a gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem”. Pode-se dizer que Gabriel Novis Neves adotou e aplicou a filosofia de Niemeyer em sua vida. E, atualmente, aos 82 anos, depois de tantos planos, sonhados e concretizados, passa a maior parte do tempo sozinho. Ou melhor, está sempre acompanhado pelos livros. Além da literatura acadêmica, aprecia romances e poesia. Não por acaso, sob a mesa da sala, um Fernando Pessoa observa o aconchegante apartamento. Móveis antigos – praticamente todos de madeira nobre – e os imponentes tapetes se destacam na clássica decoração do ambiente. Pelas paredes, retratos da família e quadros de renomados artistas mato-grossenses, como Adir Sodré e João Sebastião.
Dr. Gabriel, como é conhecido devido à formação em medicina, tira fotos de todos que vão lhe visitar antes mesmo de serem trocadas as primeiras palavras. Em vias gerais, quando se trata de regras de etiqueta, este não é um gesto comum durante uma recepção, pois foge da chamada ordem do dia, do ordinário, mas, quando o assunto é Gabriel Novis, falamos do extraordinário. Afinal, provavelmente, é este o adjetivo que melhor define seu legado. Em todo caso, no que diz respeito à fotografia na entrada, é só para registro mesmo, uma espécie de hábito adquirido ou, num português mais claro, mania. Enfim, após o impacto inicial do flash, aos poucos, durante o fluir da conversa, é que a serenidade, sabedoria e originalidade de Novis se revelam, tal qual a imagem registrada em filme fotográfico se metamorfoseia em imagem visível.
Façamos, então, uma metáfora. Se a vida fosse uma destas máquinas antigas, faltaria película fotográfica para registrar a trajetória de vida/profissional de Gabriel. Afinal, atuou com destaque nas esferas da saúde, educação e política. Foi secretário de Educação no governo Pedro Pedrossian (1968-70) e, em seguida, nomeado para ser o primeiro reitor (1971-82) da Universidade Federal de Mato Grosso (UMFT). Além disso, no âmbito privado, foi sócio fundador do Hospital Infantil e Maternidade – FEMINA e teve papel fundamental para a implantação do curso de medicina na Universidade de Cuiabá (UNIC).
Não por acaso, após tantos feitos, o olhar preguiçoso e a fala mansa transmitem a leveza de quem sabe que cumpriu com destreza tudo que lhe fora encarregado. Em mais de uma década como reitor, conseguiu democratizar o acesso à UFMT e a colocou como referência em ensino, pesquisa e extensão no estado, o que garantiu prestígio nacional à instituição. Por conta desta trajetória arrojada, enfrentando desafios e apresentando soluções satisfatórias, é considerado um idealista, visionário, vanguardista, mas, acima de tudo, humanista, pois sempre colocou o ser humano como prioridade, como causa e consequência de todas as suas reflexões e decisões. Portanto, mesmo em áreas de atuação tão distintas entre si, ele as conflui numa mesma filosofia de vida: “Eu só trabalho com uma coisa: emoção”.
Biografia
Dona Irene Novis Neves, esposa de Olyntho Neves, teve um parto normal na casa onde moravam, localizada na Rua de Baixo do centro histórico da capital. Desta forma, em 1935, nascia Gabriel Novis Neves.
Ele estudou até o segundo ano do Curso Médio em Cuiabá. O último ano foi concluído no Colégio Anglo-Americano, no Rio de Janeiro. Fez o cursinho preparatório para o vestibular na então capital federal e ingressou no curso de medicina. Após se formar, especializou-se em Psicologia Médica e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (antiga Universidade do Brasil).
Após voltar para Cuiabá, foi secretário de Educação e primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso. Posteriormente, ainda ocupou secretarias importantes, como Casa Civil e Saúde.