Made in Mato Grosso – Por Fabricio Carvalho

Igreja do Rosario Foto Jose Medeiros
Maestro Fabrício Carvalho é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso.

É preciso de falar de Mato Grosso no mundo via cultura, via turismo e meio ambiente. Falamos do orgulho que devemos ter ao ver nossos artistas, nossos criadores, nossos produtos fazendo sucesso lá fora, em outros países. O Coral da UFMT, por exemplo, acaba de voltar do Panamá, onde esteve representando Mato Grosso com sucesso. Já o pessoal do Flauta Mágica está nos Estados Unidos; o Tibanaré, do teatro, indo para a África!

Penso que essas oportunidades não podem se encerrar nelas mesmas, podem sim ser canais de comunicação entre Mato Grosso e o mundo. Como nos comunicamos hoje, de que forma as pessoas no exterior veem a nós mato-grossenses? Pela via da produção agropecuária. Ok, ótimo, mas isso já está resolvido. Precisamos ver além, procurar resolver nossos gargalos, identificar o que temos de bom pra mostrar e ainda não está sendo mostrado, por exemplo.Vejamos outro lado neste sentido: a questão ambiental. O que nós temos feito pra dar recado para o mundo sobre a conservação do meio ambiente?

Entendo que uma soma da valorização da cultura com os cuidados com o meio ambiente incrementa o turismo, atrai para nós bons olhares de gente de todas as partes do mundo. E isso, por consequência, gera emprego e renda.

Veja o caso da Literamérica, a grande feira de livros, de eventos artístico-culturais agregando gente, produtos, ideias, mas que lamentavelmente aconteceu apenas por duas edições, em 2005 e 2006. Está aí um evento cultural de porte que merece ser reeditado imediatamente. A Literamérica merece voltar. Para trazer (como trouxe) gente do porte de um Ariano Suassuna, de um Manoel de Barros, para dar visibilidade (e possibilidade de alargamento de mercado) a talentos locais de hoje tais como os novos Caio Ribeiro e Stéfanie Medeiros ou os já consagrados Ivens Scaff, Luciene Carvalho, Lucinda Persona e Eduardo Mahon, por exemplo.

Outra coisa que destaco é o poder disseminador de cultura da Unemat, com seus polos espalhados por todo Mato Grosso. Temos aí uma teia de cultura, de arte e conhecimento unindo nosso território de ponta a ponta, mas que hoje não é bem explorada. Falta a mão do Estado para organizar o processo e dar sentido a esse potencial que não diz respeito só ao nosso desenvolvimento cultural como também econômico.

Temos de oferecer ao autor de livros (não só de literatura como de história, geografia, antropologia, de todas as áreas) a chance de vender próximo da sua base, em feiras locais, organizadas em cada polo da Unemat. Fazer o sistema produtivo local reconhecer os seus cidadãos, aplicar recursos no seu autor.

Para encerrar, volto ao tópico inicial do artigo, o do sentimento positivo por ser reconhecido no exterior. Se hoje vários mato-grossenses, artistas e ativistas das mais variadas plataformas, nos representam no exterior, quem está bonito na foto não são só eles, é Mato Grosso, somos todos nós. E isso nos enche de orgulho, obviamente.

É que a cultura tem essa capacidade de ir além-mar, de levar para o mundo as boas-novas provocando aqui reflexões fundamentais para o crescimento humano. Repercutir positivamente o nosso nome onde quer que seja.

Esse processo, se bem conduzido, gera dividendos e nos faz orgulhosos da capacidade de fazer bem feito e de encantar plateias aqui e lá fora.

Exportemos, pois, o nosso orgulho de ser mato-grossenses. A hora é agora.

Maestro Fabrício Carvalho é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso.

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