Cuiabá MT, 07/11/2024

Marília Mendonça junta Drummond e bachata em ‘Todo Mundo Vai Sofrer’; veja análise

Fonte: Globo.com

Marília Mendonça não costuma decepcionar e mostra seu sofrimento intenso em “Todo Mundo Vai Sofrer”, lançada na sexta-feira (17).

A música é uma bachata, o ritmo derivado do bolero que domina o sertanejo hoje com bongôs tristes e o insistente güira, um cilindro de metal.

Além da influência deste gênero latino, a estrutura da música é toda certinha, ecoando o sertanejo anos 90:

Começa com um trechinho instrumental da melodia do refrão, de 7 segundos

Daí vem um verso de 10 segundos, que apresenta o cenário óbvio: o bar
E já emenda no pré-refrão, com alguém chorando um amor perdido “que pisa”

Daí vem o refrão, quase uma versão feminejo 2019 para o poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade (“João amava Teresa que amava Raimundo…”)

A parte em que descreve o bar faz lembrar o tal poema: “A garrafa precisa do copo / O copo precisa da mesa / A mesa precisa de mim / E eu preciso da cerveja”.

E o refrão também: “Quem eu quero, não me quer / Quem me quer, não vou querer / Ninguém vai sofrer sozinho / Todo mundo vai sofrer”.

A letra é bem sacada, mas não é escrita por Marília. A cantora está compondo cada vez menos. No projeto “Todos os cantos”, que rendeu um EP no ano passado e outro que saiu nesta semana, as 10 músicas não levam a assinatura dela.

Uma das compositoras de “Todo mundo vai sofrer” é uma cantora goiana chamada Lari Ferreira, que tem 245 músicas registradas no Ecad.

Safadão e Anitta (“Romance com Safadeza”, “Só pra castigar”) e Henrique & Juliano (“Vidinha de balada”) já gravaram os versos dela.

Marília já disse ao G1 que a agenda cheia de shows é a explicação para diminuir o ritmo de composição. “Eu comecei compondo, ganhando experiência e entendendo do mercado para depois ir para a estrada como intérprete.”

“Não tenho apego em ter composição minha no meu trabalho, mas eu tenho que gostar da música, tem que ter o meu estilo, eu tenho que sentir aquilo que canto”, explicou Marília.

Ela, de fato, canta versos de outros como se fossem dela.

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