Também se enganou quem ouviu o xote Bate coração (Cecéu, 1980) na voz de Elba Ramalho – em gravação de 1981 que alavancou a carreira da cantora paraibana – e pensou se tratar de composição inédita.
Tanto Bate coração quanto Por debaixo dos panos são músicas propagadas inicialmente na voz arretada e influente de Inês Caetano de Oliveira (16 de novembro de 1935 – 14 de maio de 2007), a cantora pernambucana conhecida no universo nordestino pelo nome artístico de Marinês.
Se Luiz Gonzaga (1912 – 1989) foi o Rei do Baião, o próprio Gonzagão entronizou Marinês como a Rainha do xaxado.
Principal voz feminina do universo musical nordestino antes da explosão de Elba Ramalho na década de 1980, Marinês é revivida em musical de teatro que entra em cena a partir de quinta-feira, 25 de julho, em temporada na Sala Baden Powell, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
A montagem de Furdunço do Fiofó do Judas – Uma opereta apimentada por Marinês é encenada pela Cia Bagagem Ilimitada sob a direção de Jefferson Almeida. No roteiro musical do espetáculo, que escapa da moldura biográfica em que são habitualmente enquadradas peças do gênero, 24 músicas do repertório de Marinês ajudam a costurar e a contar a fábula arquitetada por essa companhia teatral que está em cena desde 2015.
Apresentado em cena sob direção musical de Deborah Cecília, o repertório do musical inclui Peba na pimenta (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, 1957), música lançada por Marinês em gravação que deu impulso à carreira da cantora há 62 anos.
Outras músicas do furdunço teatral são Deu cupim no nosso amor (Rossini Pinto, 1972) – música lançada por Marinês há 47 anos e desde então nunca mais gravada – e Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros, 1966), música regionalista gravada por Marinês no mesmo ano em que a composição ganhou projeção nacional ao ser apresentada na voz de Jair Rodrigues (1939 – 2014).
Além de arretada, a influente Marinês foi cantora antenada.
Fonte: G1