Theatro Fúria fecha intenso mês com dois espetáculos

A companhia viajou pelo interior de MT e apresentou peças em diferentes linguagens teatrais e, agora, fecha este ciclo com dois espetáculos na capital

'O Pirata & Deus' foi o principal vencedor em Festival no Piaiú - Foto - Fred Gustavos

O Theatro Fúria, após completar duas décadas de estrada em 2019, segue mais furioso do que nunca. Durante este mês, a companhia apresentou peças em diferentes linguagens teatrais, como Teatro Lambe-Lambe e performance. E agora, encerrando esta intensa mostra, retorna ao repertório de palco com dois espetáculos: “O Pirata e Deus” e “Tramando Esopo”. As apresentações acontecem, respectivamente, nesta sexta (24) e sábado (25), ambas às 20h no Sesc Arsenal. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia).

O PIRATA E DEUS

Grande vencedora do Festival Nacional de Teatro do Piauí (melhor espetáculo, ator, atriz e figurino), a peça que será encenado na sexta tem 40 minutos de duração e aborda questões relacionadas à ganância, poder e moral.

Como protagonistas, dois irmãos siameses, interpretados por Péricles Anarckos e Carolina Argenta, que, assim como os personagens que dividem um mesmo corpo em cena, eles também dividem entre si as demais funções na concepção do espetáculo. Ele assina a dramaturgia e a direção, e ela responde por figurino, iluminação e produção.

Os protagonistas são dois irmãos siameses interpretados por Carolina Argenta e Péricles Anarckos – Foto – Fred Gustavos

A trama, indicada para maiores de 12 anos, utiliza um conceito jurídico para criar o conflito principal. Segundo a filosofia do direito, é imoral punir um irmão gêmeo siamês inocente quando o objetivo é punir o culpado. Neste contexto, um dos irmãos, o capitão pirata, se vale deste preceito para agir de forma cruel e se safar da justiça impunemente, uma vez que seu irmão é explicitamente inocente.

No entanto, com a chegada de um tal Dr. Z, que garante ser possível separá-los, esta confortável situação é colocada em xeque, afinal de contas, caso sejam separados, a impunidade do capitão pirata pode estar com os dias contados.

TRAMANDO ESOPO

No sábado, os furiosos apresentam um espetáculo de narração de histórias que utiliza a técnica de manipulação de objetos. A peça é um compilado de releituras de histórias de Esopo, escritor da Grécia Antiga considerado o pai da ‘fábula’ enquanto gênero literário, inclusive é dele a autoria de fábulas clássicas, como a da “Cigarra e a Formiga” e da “Tartaruga e a Lebre”.

No palco, a dupla divide a peça em dois tipos de narrativa intercaladas. Péricles narra as releituras das histórias originais através da manipulação de objetos, pantomina e ações físicas teatrais. E no intervalo destas histórias, enquanto se reorganiza a cena, tirando objetos usados para se colocar os objetos novos, Carolina relata a trajetória pessoal (e parcialmente ficcional) do autor, que, segundo consta, viveu há 2500 anos e foi escravo de Xanto.

E embora Esopo seja reconhecido como inventor das fábulas com moral da história, o Theatro Fúria optou por suprimir estes juízos de valor do autor, deixando abertas as possibilidades interpretativas.

Segundo Carolina, essa abordagem amplia “os valores possíveis de serem descobertos em uma história que se narra e que se escuta, de forma poética, tragicômica e divertida”. Afinal de contas, os valores morais tirados de uma história dependem de vivências individuais, pois “tudo que acontece na nossa vida vira história. E em cada história há um aprendizado”, complementa.

O espetáculo tem classificação indicativa de sete anos. A ambientação, figurino, produção e voz do narrador é de Carolina Argenta. O texto, a adaptação, a concepção e a narração das histórias é de Péricles Anarckos.

MAIO FURIOSO

Estas duas apresentações encerram um agitado e produtivo mês para o Theatro Fúria. A companhia apresentou, no início de maio, dois espetáculos de Teatro Lambe-Lambe. Este tipo de linguagem teatral, também chamado de Teatro de Miniaturas, trabalha com formas animadas que ocupam um espaço cênico mínimo formado por um palco em miniatura confinado em uma caixa de dimensões reduzidas. As pessoas assistem o espetáculo uma de cada vez.

A primeira peça inserida nesta linguagem, intitulada “Gaia”, foi idealizada e concebida por Carolina Argenta. O espetáculo foi apresentado, no início de maio, em diversas cidades do interior por meio do projeto “Sesc na Estrada”.

Na sequência, inaugurando a “Furiosa Machina Historiadora”, uma inventiva caixa que possibilita que diferentes histórias sejam contadas, o Theatro Fúria apresentou uma releitura da história de Maria Taquara na programação dos 300 anos de Cuiabá.

Então, deixando um pouco de lado o Lambe-Lambe, a dupla se transformou num trio durante a performance “A Justiça dos Poderes a Mim Conferidos”. Ao lado do multiartista Caio Ribeiro, eles se apresentaram no último final de semana na Praça da Mandioca. E agora encerram este ciclo de apresentações com os dois espetáculos no Sesc Arsenal.

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