Tia Maria, ao viver para o jongo, fez com que o jongo sobrevivesse no Morro da Serrinha

Morta aos 98 anos, a propagadora do ritmo de origem africana também fica na história do samba como uma das fundadoras da escola Império Serrano.

Herdeiro da cultura africana, o Brasil pulsa no ritmo deste continente matricial mesmo que não se dê conta desse legado. Elo que jamais deixou o Brasil se perder da África, Maria de Lourdes Mendes (30 de dezembro de 1920 – 18 de maio de 2019), a Tia Maria, dançou conforme a música dos tambores que ditam o ritmo do jongo.

Ao morrer na manhã de ontem, aos 98 anos, Tia Maria deixou a roda de jongo como uma das principais propagadoras dessa dança de origem africana. E, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), quando se fala em jongo, fala-se quase obrigatoriamente no Morro da Serrinha, em Madureira, bairro do subúrbio carioca onde Tia Maria nasceu na Rua Baianada, num já distante 1920.

Foi em Madureira que, quase um século depois, Tia Maria deixou uma roda e uma aula ministrada na resistente Casa do Jongo da Serrinha, entrando para a eternidade após se sentir mal e vir a falecer.

Tia Maria ficará para sempre associada ao jongo, mas também pôs o nome na história do samba. Foi uma das fundadoras da escola de samba Império Serrano, criada em 1947. Ritmo descendente do jongo, o samba também está entranhado no Morro da Serrinha.

Tia Maria caiu no samba 30 anos antes de entrar no grupo Jongo da Serrinha em 1977, a convite de Darcy Monteiro (1932 – 2001), o Mestre Darcy do Jongo, filho de Maria Joana Monteiro (1902 – 1986), a Vovó Maria Joana.

Musicalmente, Tia Maria foi uma espécie de filha herdeira de Vovó Maria Joana – de quem foi muito amiga – ao transmitir para gerações jovens os ensinamentos do jongo. Na certidão de nascimento, Tia Maria foi irmã de Eulália Nascimento (1908 – 2005), a célebre Tia Eulália, também fundadora do Império Serrano.

Descendente de escravos bantos, Tia Maria viveu para o jongo e fez o jongo sobreviver no Morro da Serrinha. E pode-se dizer que, a partir de hoje, o jongo também vive através dessa mestra que fez o Brasil deitar novamente no colo da mãe África.

Fonte: Globo.com

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