‘Tudo Sobre Mulheres’ abre inscrições para primeira edição em Cuiabá

O tradicional festival de cinema acontece em agosto e os filmes inscritos devem abordar temáticas relacionadas ao universo feminino

Danielle Bertolini é idealizadora e diretora do Festival - Foto - Rais Reis

O ‘Tudo Sobre Mulheres – Festival de Cinema Feminino’ acontece desde 2005 – com hiato entre 2010 e 2018 – em Chapada dos Guimarães. Após retornar no ano passado, agora tenta se consolidar novamente na agenda cultural de Mato Grosso. Por isso, pela primeira, por conta dos 300 anos de Cuiabá e por uma questão de logística, será realizado na capital entre os dias 19 e 24 de agosto.

A cerimônia que marca a abertura das inscrições desta edição acontece nesta quarta-feira (17.04), a partir das 19h, no auditório do Centro Cultural da UFMT.  Na ocasião, para já deixar o público com o gostinho na boca, estarão sendo exibidos filmes que participaram de edições anteriores do mesmo festival. Trata-se de uma parceria com o Cineclube Coxipones para a realização de mostras mensais com esta proposta: relembrar a história do ‘Tudo Sobre Mulheres’.

MUDANÇAS COM O TEMPO

E a idealizadora e diretora do Festival, Danielle Bertolini, quando rememora a “primeira fase do festival”, de 2005 a 2010, percebe que muita coisa mudou de lá para cá. “Temos muito mais produções dirigidas por mulheres”, pontua. E esta reconfiguração do espaço entre realizadoras e realizadores também influi diretamente no conteúdo do material. 

“Mudou muito o perfil dos filmes, das personagens… Eu acho que a valorização da mulher negra é algo incontestável. Deu para sentir muito essa presença”, pontua Danielle. Vale lembrar que a única prerrogativa para se inscrever é que o filme em questão aborde temáticas sobre o universo feminino.

“SOBRE” MULHERES

Porém, importante ressaltar, não deve ser necessariamente dirigido ou roteirizado por mulheres, desde que o conteúdo, é claro, esteja centrado no universo feminino. “Nunca quis que o Festival se tornasse um ‘Clube da Luluzinha’, que só entra mulheres diretoras, porque acho que não dá pra gente construir um feminismo excluindo os homens”, analisa.

Ela defende essa participação dos homens “inclusive para pensar, para refletir sobre que histórias dessas mulheres eles estão contando. Por que escolher determinadas personagens? E a forma como eles contam também… Eu acho que isso é muito importante”, ressalta.

Entretanto, embora seja liberada a participação de homens, “no ano passado tivemos muito mais produções dirigidas por mulheres”, destaca Danielle. Mas reforça que, desde que o filme trabalhe dentro da temática do universo feminino, não há nenhum tipo de restrição. “Também tiveram produções dirigidas por homens, casais, pessoas trans”, afinal a proposta é justamente “fazer uma reflexão sobre que mulher é essa que está sendo levada às telas de cinema. Quais são as histórias?”.

HOMENAGENS

E falando em histórias de mulheres, convém lembrar da homenageada desta edição. É simplesmente a cineasta Tata Amaral, uma das mais importantes realizadoras do cinema brasileiro dos anos 90 para cá. Ela dirigiu filmes que já se tornaram clássicos, como “Um Céu de Estrelas”, “Antônia” (que gerou a série homônima na Globo), “Trago Comigo”, “Hoje” e o mais recente “Sequestro Relâmpago”.

A cineasta Tatá Amaral será a homenageada desta edição

Além da cineasta homenageada anualmente, uma artista plástica mato-grossense é convidada para que uma de suas obras seja o rosto do festival, e este ano será a artesã, bióloga e artista plástica chapadense Ruth Albernaz.

A tela escolhida é mais do que apropriada para o contexto do ‘Tudo Sobre Mulheres’. Trata-se de uma releitura onírica de Maria Taquara, mulher que povoa o imaginário cuiabano. Além de ser a arte que inspirará os materiais gráficos, os troféus também serão reproduções de uma “Maria Taquara Livre e Onírica”.

FALTA DE APOIO

Porém, apesar da tradição e da relevância do Festival, esta é a primeira vez que ele será realizado sem nenhum patrocínio, partindo de “um orçamento ínfimo”. Esta falta de apoio foi um dos principais motivos para trazer o ‘Tudo Sobre Mulheres’ para Cuiabá, uma vez que aqui, principalmente por conta da parceria com a UFMT, ela encontra menos dificuldades e custos para a produção.

Danielle acredita que a falta de incentivos está diretamente ligada ao contexto político atual, simbolizado pela figura de Jair Bolsonaro. “A gente tem um governo misógino, que não quer reconhecer o valor da mulher, pensa que a mulher é um apêndice do homem”.

No entanto, apesar de todos estes pesares, ela não desanima. E a realização do ‘Tudo Sobre Mulheres’, praticamente às próprias custas, só atesta isso. “Nesse momento é que a gente tem que fincar o pé e correr duro pra poder fazer o Festival e não deixar a peteca cair”. Afinal de contas, conclui esperançosa, “mesmo com tantas dificuldades, pode ser um momento que a gente consiga se unir e ter mais força. Eu estou sentindo isso bastante esse ano”.

‘Demônia – Melodrama em 3 Atos’, de de Fernanda Chicolet e Cainan Baladez, será exibida na Mostra desta quarta

MOSTRA TUDO SOBRE MULHERES – 17.04 – TEATRO DA UFMT

– Bodas de Papel, de Keyci Martins e Breno Nina (MA, 2016, 12’)

– Vênus Filó, a Fadinha Lésbica, de Sávio Leite (MG, 6’)

– Demônia: Melodrama em 3 Atos, de Fernanda Chicolet e Cainan Baladez (SP, 2016, 17’)

– Kris Bronze, de Larry Machado (GO, 2018, 24’)

– Divina Luz, de Ricardo Sá (ES, 2017, 15’)

SERVIÇO:

Site do Festival: www.tudosobremulheres.com

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here