“Humanizar a humanidade”. Este é o lema episcopal do catalão Pedro Casaldáliga, que, desde o final dos anos 60, reside em São Félix do Araguaia (MT), onde atualmente, aos 91 anos, é bispo emérito. Além das atividades religiosas, o “bispo do povo”, como ficou conhecido, é poeta, escritor, pensador e símbolo mundial de causas populares e humanitárias.
Detalhes desta trajetória/obra estão na biografia “Um bispo contra todas as cercas: a vida e as causas de Pedro Casaldáliga”, da jornalista carioca Ana Helena Tavares. A obra será lançada, a partir das 19h desta quarta-feira (12.06), no auditório do Instituto de Linguagens (IL) da UFMT, campus Cuiabá.
O evento contará com uma conferência com a autora. Posteriormente, haverá uma mesa redonda com a apresentação de trabalhos sobre a obra poética de Pedro Casaldáliga e o lançamento da obra.
“Minhas causas valem mais do que minha vida”
A biografia deste religioso espanhol/brasileiro, um dos nomes mais admirados no mundo católico, traça a trajetória de Pedro, como sempre foi conhecido na beira do Rio Araguaia, focando principalmente nas causas que abraçou, tais como educação laica, mista e libertadora; reforma agrária; erradicação do trabalho escravo; reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.
Certa vez, Pedro condensou o sentido de todas estas lutas quando explicou que “minhas causas valem mais do que minha vida”. Assim, “Um bispo contra todas as cercas” relata vida e obra de um homem religioso vítima da repressão e censura, principalmente durante a ditadura militar, quando quase foi expulso do Brasil.
No entanto, mesmo ameaçado de morte diversas vezes, e inclusive testemunhando o assassinato de um amigo, o padre Burnier, ainda assim jamais abriu mão de continuar lutando por seus ideais, afinal, como bem disse, “minhas causas valem mais do que minha vida”.
Portanto, como ressalta a contracapa da obra, “trata-se da biografia de um homem perseguido, mas não amargurado. Um poeta que sabe fazer versos com a dor e transformá-la em ação”.
E além de poeta, também é autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia. Ele adotou o seguinte lema para sua atividade pastoral: “Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”.
Conhecido como “Bispo do Povo” pelos seus numerosos admiradores, e “Bispo Vermelho” por seus poderosos inimigos, Pedro Casaldáliga chegou ao Brasil em 1968, aos 40 anos, e nunca mais voltou à Espanha, acumulando, em solo tupiniquim, 51 anos de lutas, fé e Araguaia.
O evento de lançamento da biografia é organizado pelos docentes do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem (PPGEL) em parceria com os professores do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários (PPGEL) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).