Na primeira turnê internacional, proporcionada pelo sucesso do disco Galanga Livre, lançado em 2017 e eleito o melhor do ano pela Rolling Stone Brasil, Rincon Sapiência, rapper e empresário dono do selo MGoma, assumiu a figura de um dos tantos imigrantes que encontrou pela Europa para abordar a xenofobia em lugares como a França, país que é o plano de fundo para “Bon Voyage (Crioulo em Paris)”, nova música do artista, também conhecido como Rei dos Feats. O clipe de “Bon Voyage (Crioulo em Paris)” foi lançado na sexta-feira, 26.
Com a música e o clipe, ambos gravados em Paris, Rincon não se apequena fora do território nacional e diante da histórica na Cidade Luz. “É mais do que giro e closes, é trabalho”, rima ele, na música e no vídeo que ganham vida em primeira mão na Rolling Stone Brasil – assista no player abaixo.
“Xenofobia ignorante / Voei / Cruzei mar / Jogando com a rima visto a dez / Estreei / Tipo Neymar”, ele rima, em outro trecho da música, ao citar o jogador de futebol brasileiro que atua pelo time Paris Saint Germain.
Veloz na rima e provocativo como sempre, Rincon é incisivo ao tratar de temas tão atuais como a xenofobia, que historicamente destrata os imigrantes nas grandes metrópoles europeias e cria uma divisão que racha cidades imensas por bairros divididos por etnias diferentes.
Dentro dessa nova persona, como um deles, dos imigrantes que tenta a vida em Paris, o paulistano também fala da saudade, da falta que tem do feijão e da couve, dos amigos dos tempos de infância e adolescência, ao crescer na Cohab 1, em São Paulo.
Mas como nenhuma música de Rincon Sapiência é uma coisa só, a canção também apresenta uma outra narrativa, desta vez focada no que ocorre no Brasil.
Com “Bon Voyage (Crioulo em Paris)”, o rapper trata da desigualdade social responsável por impedir a igualdade entre brancos e negros quando o assunto são viagens para o exterior.
Ao mesmo tempo, ele também celebra a ascensão obtida por meio da sua arte, da sua música e da carreira. Foi com suas rimas que Rincon atravessou o mar, voou sobre o oceano e chegou à Europa.
Por Pedro Antunes, da Rolling stone
