Um rolo de filme de 16mm sobre a Cidade Laboratório de Humboldt, gravado pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos nomes mais respeitados do cinema nacional, foi entregue, nesta quinta-feira (02.05), para a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O filme esteve perdido por anos e trata de um dos primeiros projetos de pesquisa da história da Instituição, iniciado ainda na década de 1970.
De acordo com o pesquisador da UFMT responsável por encontrar a relíquia, José Amílcar Bertholine de Castro, o filme conta com a narração do professor Pedro Paulo Lomba, idealizador do projeto que buscava conciliar o desenvolvimento urbano e sustentabilidade.
“A ideia da cidade científica surgiu após as primeiras conferências internacionais sobre o meio-ambiente e tinha a ideia de criar uma solução para o desenvolvimento dos países chamados subdesenvolvidos que não degradasse o meio-ambiente da mesma forma que aconteceu com os países chamados desenvolvidos na época”, explicou o pesquisador.
Para o vice-reitor da UFMT, professor Evandro Soares, que recebeu o filme, essa é uma forma de resgatar a história da UFMT. “Mostra que universidade esteve envolvida, desde seu princípio, com projetos de desenvolvimento da região, crescimento econômico e pesquisas sobre a natureza de Mato Grosso”, afirmou.
O filme, entretanto, não está em um bom estado de conservação. Por isso, de acordo com o vice-reitor, o mesmo deverá ser encaminhado para a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev), responsável pelo cineclube Coxiponés, para que entrem em contato com outras instituições, para que as mesmas possam avaliar a possibilidade de restaurar as filmagens.
Nelson Pereira dos Santos
Considerado um dos mais importantes cineastas do país, seu filme Vidas Secas, baseado na obra de Graciliano Ramos, é um dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos, sendo reconhecido como obra-prima.
Nelson foi um dos precursores do movimento ‘Cinema Novo’, além de ter sido o fundador do curso de graduação em Cinema da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2006, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Foi o primeiro cineasta brasileiro a se tornar membro da ABL. Morreu em 21 de abril de 2018, aos 89 anos, em decorrência de um câncer de fígado