Ciclo “Hitchcock” entra em cartaz no Cine Teatro

Entre junho e julho, seis clássicos do cineasta britânico serão exibidos; O curador Diego Baraldi falou um pouco sobre o ciclo e o cinema hitchcockiano

Alfred Hitchcok (foto) faleceu em 1980 e dirigiu 53 filmes

Após o ciclo “Realizadores de MT”, que exibiu 18 produções mato-grossenses entre março e abril, o projeto “Encontros com Cinema” ocupa novamente a sala do Cine Teatro Cuiabá, desta vez com o ciclo “Hitchcock”, que se estende entre junho e julho. A programação conta com seis obras clássicas do cineasta. As sessões acontecem sempre às 19h30 das terças-feiras, com exceção da última terça de cada mês, pois estas estão reservadas para filmes da “Mostra Vitrine”. A primeira sessão acontece já na próxima semana (04.06), às 19h30, com a exibição de “Janela Indiscreta (1954)”. A entrada custa simbólicos R$ 4 (inteira) / R$ 2 (meia).

A curadoria do projeto fica por conta de Diego Baraldi, Ana Maria de Souza e Aline Wendpap. E a escolha do cineasta britânico não foi casual. “Dentro de alguns nomes possíveis, escolhemos investir no Hitchcock porque a gente pensa na adesão do público, e me parece que o nome dele tem um apelo, é quase um adjetivo: Hitchcockiano. Continua tendo uma eficácia para atrair as pessoas”, comenta Diego.

Além da popularidade do diretor, ele pontua que os próprios títulos selecionados (Janela Indiscreta; Ladrão de Casaca; Um Corpo que Cai; Intriga Internacional; Psicose; Os Pássaros) são “filmes que tiveram ou que ainda têm um impacto do ponto de vista comercial”.

E este recorte, no caso, não foi pensado somente para atrair espectadores, mas também para nortear boa parte das conversas e reflexões após as sessões. Diego considera a mostra uma oportunidade de explorar uma curiosidade envolvendo o nome de Alfred Hitchcock, que é “justamente essa relação com o público; do ponto de vista da eficácia, da bilheteria, de um êxito comercial dos filmes, bem como da relação dele com a crítica de cinema”.

HITCHCOCK ENTRE CRÍTICA E PÚBLICO

Diego se refere ao fato de que Hitchcock, embora tenha tido grandes sucessos de público, era pouco prestigiado perante a crítica norte-americana. Ele inclusive era tratado com certo desprezo por fazer filmes excessivamente populares e que investiam em gêneros considerados baratos, como suspense e thriller.

No entanto, com o surgimento de uma nova crítica francesa, encabeçada por jovens que também viriam a ser renomados cineastas, como Jean-Luc Godard e François Truffaut, o cinema de Hitchcock foi elevado a outro patamar.

“Por trás da fama, do sucesso, da celebridade, de uma associação meio rápida que alguém possa fazer dele com os filmes populares, ou excessivamente comerciais, ou talvez dentro de uma lógica de estúdio, vem esse nome que passa a ser cada vez mais considerado como o de um cineasta inventivo, que tem uma genialidade”, explica Diego.

Este processo de renovação da crítica cinematográfica, que surgiu na França na década de 50, colaborou para que a obra de Hitchcock passasse a ser analisada com outros olhos. Esta nova perspectiva passou principalmente pelo interesse de Truffaut, que inclusive escreveu o livro “Hitchcock/Truffaut”, composto por entrevistas que o francês fez com o britânico. “Uma das obras mais importantes para a história da cinefilia ou da crítica de cinema. Um livro que influenciou gerações de cineastas”, destaca Diego.

Truffaut, assim como Claude Chabrol, Eric Rohmer e Godard, viria a ser um importante nome da ‘Nouvelle Vague’ (movimento artístico do cinema francês). Em seu livro intitulado “Os Filmes da Minha Vida”, publicado em 1975, no qual reverencia suas principais referências cinematográficas, ele incluiu os seguintes filmes de Hitchcock: “Janela indiscreta”; “Ladrão de Casaca”; e “Os Pássaros”, que não por acaso também figuram na lista do ‘Ciclo Hitchcock’ do ‘Encontros com Cinema’.

SELEÇÃO DO CICLO HITCHCOCK

Diego explica que, além da questão da popularidade dos filmes, a curadoria também optou por fazer um recorte temporal, uma vez que todos estão inseridos na década de 50 ou início da década de 60. A ideia é que a partir deste pequeno recorte se possa “discutir algumas coisas que aparecem em vários filmes ou em várias fases da carreira do cineasta”.

Inclusive, acrescenta Diego, devido à necessidade de se fazer este recorte específico, grandes filmes de Hitchcock ficaram fora dessa lista, como “O Sabotador”, “Cortina Rasgada”, “Pacto Sinistro”, “Os 38 degraus” e tantos outros. “É uma obra muito extensa. Ele fez mais 50 filmes, então a gente está se concentrando numa parcela super pequena”.

Outro clássico que ficou de fora foi “Festim Diabólico (1948)”, mas este não foi incluído por outro motivo. “Já exibi (Festim Diabólico) tanto no ‘Imagens em Pauta’, no Sesc Arsenal, quanto no Cine Teatro, na época da programação dos 75 anos. Então a gente não quis exibir um filme que recentemente já foi exibido”, justifica.

PRÓXIMOS CICLOS

A curadoria ainda não definiu qual será o próximo ciclo do ‘Encontros com Cinema’, mas já analisa algumas possibilidades. Além de um possível novo ciclo sobre a obra de outro(a) grande cineasta, “há uma probabilidade de a gente fazer um ciclo de um ou dois meses em torno dos filmes que a cinemateca da Embaixada da França no Brasil disponibiliza”.

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